terça-feira, 20 de outubro de 2009

Quase US$ 1 bilhão de negócios para as empresas brasileiras em Anuga

O Brasil encerrou sua participação na Feira Internacional de Alimentos da Alemanha (Anuga), maior feira mundial do setor, que aconteceu de 10 a 14 de outubro, em Colônia, na Alemanha, com 7 mil contatos entre empresas brasileiras e estrangeiras e uma expectativa de negócios da ordem de US$ 970 milhões, entre os contratos fechados na Feira e os previstos para os próximos 12 meses.

Esse foi o resultado levantado junto às 120 empresas brasileiras que foram ao evento sob a organização da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). “Ficamos surpresos com o nível de negociação alcançado, já que os empresários estavam cautelosos quanto às expectativas e apreensivos com os efeitos da crise internacional”, avalia o Diretor de Negócios da Apex-Brasil, Maurício Borges. Segundo ele, os compradores que visitaram a Feira vieram realmente preparados para fechar negócios.

– Quem veio à Anuga este ano estava ansioso para fazer negócios e à procura de propostas mais objetivas e diretas. E as empresas brasileiras trouxeram produtos de qualidade e inovadores. O resultado foi excelente – concluiu Borges.

A Ruette Spices, por exemplo, fechou 68 contratos durante com países do Oriente Médio e Europa, sendo 30% com novos clientes. “Vendemos 3.100 toneladas de pimenta e 290 toneladas de cravo para entregarmos entre os meses de março e novembro”, comemora o vice-presidente da empresa, José Ruette Filho. A Ruette exporta frutas cítricas e especiarias para 99 países. É a terceira maior exportadora de pimenta do reino do mundo e a maior do Brasil. Vende cerca de 9 mil toneladas do produto por ano, o que representa quase 40% da safra brasileira.

Carne
A Oderich exporta produtos em conserva para mais de 50 países e conseguiu abrir novas fronteiras durante a Anuga. A expectativa é aumentar as exportações entre 5% e 10% em relação ao ano anterior. “Estamos conseguindo entrar principalmente em regiões antes dominadas por concorrentes externos”, disse Marcos Oderich, diretor comercial da empresa. “Estimamos que a Feira nos proporcione um incremento anual em exportação em torno de US$ 20 a US$ 25 milhões”, avaliou, “principalmente na venda de corned beef (carne cozida enlatada) que tem maior valor agregado”, explica. Ele cita, como exemplo, reuniões promissoras com possíveis clientes no Caribe. “Esperamos, a partir desse contato, um incremento da ordem de US$ 13 a US$ 14 milhões em vendas só de corned beef para este mercado”, disse Oderich.

A experiência de cerca de 20 anos atuando no exterior mostrou que a flexibilidade é uma das armas dos brasileiros para conquistar espaços. Por conta disso, a Oderich começou a desenvolver e produzir as latas de suas mercadorias. “Estamos abrindo outra frente de negócios, que é a venda de embalagem”, lembrou. “Fechamos a exportação de latas vazias para França e Líbano. Deste último, temos uma encomenda para entregar 500 mil vazias por mês.”

O frigorífico Frigol Comercial Ltda também conquistou novos mercados, como Irã e Iraque, e novos clientes nos diversos mercados antigos. Segundo Marina Cançado, gerente de exportações do Frigol, esta edição da Anuga foi muito melhor do que a de 2007 ou o SIAL (Salão Internacional de Alimentos, a outra grande feira de alimentos do mundo, em Paris) do ano passado: “trocamos quase o dobro de cartões aqui na Alemanha”.

Lácteos
Fundada em 1935, a Embaré é uma das principais empresas de laticínios do Brasil e líder no segmento de caramelos, lançados no país em 1982. Hoje, exporta caramelos para 49 países e em Anuga essa linha de produtos voltou a se destacar com a conquista de dois novos mercados: Argélia e Marrocos. “O segredo do sucesso do nosso caramelo é ser um produto Premium, feito com leite fresco, enquanto os demais são produzidos com leite concentrado ou em pó”, explicou Solange Isidoro, gerente de exportação da Embaré.

A indústria de laticínios Tirolez conseguiu abrir oportunidades de negócios em regiões estratégicas como Argélia, África do Sul, Jordânia, Senegal, Taiwan e Israel. “Tivemos muita procura por produtos desconhecidos nessas regiões, como requeijão, queijos para churrasco e creme de ricota”, disse Paulo Regg, diretor de exportação. Ele está confiante em um aumento de exportações, apesar de sentir o mercado externo ainda retraído. “Tentaremos alcançar 10% de faturamento com exportação neste ano”, afirmou.

Cachaça
A cachaça atraiu a atenção dos visitantes interessados tanto nas versões premium quanto nas preparações de caipirinha. A Cachaçaria Weber Hauss, de Ivoti na serra gaúcha, conquistou um distribuidor para seus produtos na Alemanha e fechou um primeiro pedido para 700 caixas de produtos diversos, como caipirinha, cachaça com frutas, licores, cachaça branca e cachaças envelhecidas. “Devemos concluir um novo contrato com esse distribuidor dentro de cinco meses”, informa o diretor Evandro Weber. “Trabalhamos com cachaças premium para um público diferenciado, por isso vendemos volumes menores, mas com maior valor agregado”.

A Casa Bucco também fechou contratos com uma importadora alemã que atua em toda a Europa. “Nosso primeiro carregamento para a Alemanha chegou há pouco mais de um mês, mas acertamos novos contratos em Anuga e estamos trabalhando para consolidar este comprador alemão e depois levar nosso produto para outros países”, explica o diretor Moacir Menegotto. Os produtos vendidos pela empresa são todos da linha premium – cachaça bidestilada, cachaça branca e envelhecida.

Vinhos
Ainda no setor de bebidas, os vinhos brasileiros tiveram destaque. Ganharam sete medalhas – duas de prata e cinco de bronze no Anuga Wine Special 2009, o concurso oficial de vinhos da Feira. O evento teve a participação de 270 vinhos de 12 países. Quatro vinícolas brasileiras – Boscato, Casa Valduga, Miolo e Salton – enviaram, por meio de seus importadores na Alemanha, oito vinhos para a avaliação do master of wine alemão Markus Del Monego e sua equipe de 12 sommeliers.

Dois vinhos receberam medalha de prata: o Lote 43 da safra 2004 Miolo, e o Gran Boscato Merlot 2005 da vinícola Boscato. Quatro tintos receberam medalha de bronze: Casa Valduga Cabernet Franc 2005, Fortaleza do Seival Tannat 2006 da Miolo, Volpi Cabernet Sauvignon 2007 da Salton, e o Talento 2005, também da Salton. O único vinho branco premiado, igualmente com uma medalha de bronze, foi o Rio das Antas Salton Flowers, da Salton.

Entre as vinícolas que fecharam negócios está a Aurora, que fez uma venda para Gana. Comercializou um container com suco de uva e bebida gaseificada keep cooler. Vendeu também um container para a Alemanha com bebida gaseificada, espumantes e vinhos. “Iniciamos, também, uma negociação com uma rede de supermercados para colocar nossa bebida gaseificada em 30 pontos de venda da Alemanha”, contou Rosana Pasini, diretora da Aurora. A Wein-Brasilien, importadora da Casa Valduga, da Miolo e da Salton, negociou três contêineres, com 2.000 caixas cada um, de vinhos e espumantes para 10 novos clientes na Alemanha, Letônia e Suécia. “A qualidade dos vinhos brasileiros, que no começo era uma surpresa, cada vez mais é uma certeza para os europeus”, afirma Helmut Fritzsche, diretor-proprietário da empresa.

Fonte: Apex-Brasil

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