sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Nariz do vinho

Como já dissemos, o vinho se manifesta, se expressa, através de características organolépticas formadas pela cor, os aromas e o sabor. O aspecto e a cor adiantam com bastante exatidão as sensações aromáticas avaliadas logo a seguir. Essas são muito completas devido ao enorme arquivo de aromas, cheiros e odores que toda pessoa guarda na memória desde a infância. Por essa razão, é importante que toda pessoa que aprecia espumantes e vinhos use o órgão do olfato na procura do maravilhoso mundo das sensações aromáticas.

Os espumantes elaborados pelo método charmat ou em grandes recipientes geralmente são frescos e jovens e se caracterizam pelos aromas intensos e persistentes de frutas como maçã, abacaxi e pera misturados com os de leveduras. Esses espumantes despertam os sentidos e são convidativos. Já os espumantes feitos pelo método tradicional ou champenoise, que são maturados pelo menos por 12 meses, misturam aos aromas já citados os de mel e amêndoas, que dão ao produto a amabilidade esperada após a longa fase de contato com as leveduras.

Os vinhos brancos tranquilos ou seja, sem gás, seguem a linha aromática dos espumantes, variando sensivelmente conforme a variedade, como os feitos com a uva Sauvignon Blanc, que se caracterizam pelo forte caráter frutado de pêssego e maracujá.

O espectro aromático dos vinhos tintos é largo e variável conforme a idade, a passagem por madeira e a variedade predominante. Os mais jovens, com dois ou três anos, se caracterizam pelos aromas de frutas frescas como ameixa, amora e cereja. Nos tintos jovens armazenados ou tratados com carvalho geralmente predominam os aromas de baunilha e chocolate, característicos dessa madeira.

Com o tempo de maturação e em especial com o envelhecimento na garrafa, os tintos ganham complexidade e formam o que se conhece como buquê. O aroma intenso e volátil se caracteriza por ser uma mistura agradabilíssima e contrastante de frutas secas, baunilha, couro e muitos outros conforme o tipo de uva. Sentir a aparente extravagância dos aromas vínicos não é privilégio de pessoas entendidas, viajadas ou estudiosas. É uma dádiva que somente os vinhos e os espumantes oferecem a quem está disponível aos pequenos prazeres que a vida oferece. Basta estender a mão, abrir a cabeça, os sentidos e aproveitar.

ps.: ótimo texto do Adolfo Lona no site do Zero Hora

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